A EMEI Afonso Sardinha, pertencente à Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, é uma escola que atende por volta de 450 crianças da Educação Infantil, localizada na região de Pirituba. As professoras Caroline Domingues, Fabiane de Oliveira Paes Bezerra e Tatiana Maria de Oliveira Bernardino e a coordenadora pedagógica Sandra Cavaletti Toquetão compartilharam conosco, em um dos encontros da Rede, como a escola se organizou frente aos desafios trazidos pela pandemia, enfatizando que a escola, desde antes, já vinha realizando um trabalho de educação inclusiva muito rico, baseado na compreensão de que a educação inclusiva é aquela que não precisa pensar a todo instante em diferenciações e especificidades para cada um dos estudantes, mas consegue conceber propostas coletivas que, em si, contemplam a diversidade das crianças. Por ter um longo caminho trilhado nessa perspectiva é que foi possível, durante a pandemia, sustentar um trabalho pedagógico pautado nestes mesmos princípios, garantindo a inclusão das crianças público-alvo da educação especial nas mesmas propostas realizadas para todas as crianças. Conheça um pouco do trabalho por eles realizado ao longo de 2020!
O planejamento pedagógico da escola está baseado no Currículo da Cidade Educação Infantil de São Paulo e nos seis direitos da aprendizagem presentes na BNCC (Base Nacional Comum Curricular): CONVIVER, BRINCAR, PARTICIPAR, EXPLORAR, EXPRESSAR e CONHECER-SE. Tais princípios dialogam com as práticas inclusivas a todo instante. A escola preza a convivência entre crianças de diferentes idades e adultos e entre diferentes pessoas e culturas; valorizam o brincar de diferentes formas, em diversos espaços, explorando novas parcerias, movimentos e materiais; buscam explorar não apenas sabores, texturas, cores, mas também as emoções propondo espaços de escuta, diálogo e acolhimento para a forma de cada um sentir e vivenciar suas emoções. Quanto à participação, a escola entende que desde pequenas, as crianças devem ter seu lugar de fala garantido e promovem espaços como o Conselho Mirim para garantir que isso aconteça de forma regular e periódica, além de contar com a participação e envolvimento dos alunos no planejamento e execução dos projetos escolares. Por meio desses espaços de participação a escola estimula desde cedo a capacidade deles se expressarem, exporem suas opiniões, suas hipóteses, necessidades e descobertas e, fomentando esse espaço de troca, discussão e respeito às diferenças, a escola contribui para a construção da identidade de cada criança, a qual vai se apropriando dos seus saberes, pensamentos e pode construir uma imagem positiva de si e do outro.
Ao longo da pandemia, a equipe se esforçou para sustentar os mesmos princípios, garantindo que as propostas, agora virtuais e realizadas por meio do Google Sala de Aula ou do facebook da escola (por onde o número de acessos das famílias costumava ser maior), fossem uma extensão do trabalho feito até então. Essa adaptação ao meio virtual demandou um trabalho coletivo intenso e muitas horas de discussão e formações. Clique abaixo para conferir alguns exemplos das atividades!
Estudantes público-alvo das práticas inclusivas conseguiram participar das propostas realizadas para todas as crianças, pois ao propor uma diversidade de temas, formatos, materiais e estímulos, fica mais fácil conseguir encontrar aquilo que mobiliza cada criança. Para que esse trabalho fosse possível, a gestão da escola também buscou neste ano reforçar ainda mais um dos princípios fundamentais em sua perspectiva: a gestão democrática. Os espaços de escuta e diálogo com as famílias e com as crianças foram não apenas sustentados, mas fortalecidos para que esse projeto de escola pudesse seguir caminhando.
Por fim, o ano de 2020, fez a ideia de rede se tornar ainda mais presente para que fosse possível driblar os desafios que o ensino remoto apresentou e a gestão buscou ampliar parcerias com outros serviços da rede pública de saúde, assistência social e cultura. Como exemplo da importância dessa articulação, a coordenadora Sandra Cavaletti nos contou sobre a parceria realizada com a Biblioteca Pública Municipal Brito Broca, pertencente à Secretaria Municipal de Cultura, e com o CECCO (Centro de Convivência e Cooperativa) São Domingos, pertencente à Secretaria Municipal de Saúde. Tal parceria, nomeada de projeto Abraça Pirituba, foi firmada antes da pandemia, com o objetivo de ressignificar o espaço público cultural e trazer os saberes fazeres do território, resgatando assim, o sentimento de pertencimento do público para com esses equipamentos de diferentes secretarias (educação, cultura e saúde). Com a pandemia, o Projeto se reinventou e alcançou a esfera virtual oferecendo semanalmente contações de história ou sugestões de danças e brincadeiras publicadas nas redes sociais dos três equipamentos tentando, assim, diminuir a distância imposta pelo isolamento e garantir a oferta de cultura por outras vias que pudessem aproximar a comunidade, alcançando mais famílias.
Não há dúvidas que existiram obstáculos e que, assim como em todas as escolas ao longo de 2020, houve famílias e crianças que não conseguiram acesso e se mantiveram extremamente distantes. No entanto, o lindo trabalho realizado pela EMEI Afonso Sardinha vem nos mostrar a importância de um projeto político-pedagógico sólido, bem fundamentado e pautado por constante reflexão. Partindo dele é que foi possível traçar um projeto possível e inspirador para lidar com os desafios que o coronavírus impôs!
Relato por Caroline Domingues, Fabiane de Oliveira Paes Bezerra, Sandra Cavaletti Toquetão e Tatiana Maria de Oliveira Bernardino