O CEMAD (Centro Municipal de Apoio e Desenvolvimento) é o setor responsável, no município de Mairiporã, pela realização de um trabalho interdisciplinar, no contraturno, com as crianças com deficiência e com dificuldades na aprendizagem, independentemente de diagnóstico. São diversos profissionais, de diferentes especialidades (pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, etc) que se organizam para atender às necessidades das crianças, apostando nos recursos delas para aprenderem e se desenvolverem. Diante desta proposta, realizaram um trabalho muito especial ao longo da pandemia, garantindo que elas mantivessem um percurso de aprendizagem e oferecendo um suporte para a inclusão destas crianças nas salas de aulas regulares. 

A equipe responsável pela sala de apoio pedagógico (educadores Elienai Miguel, Joanita Santos, Nanci Pagani e Thaís Blanes)  compartilhou com a Rede de Escolas Públicas pela Inclusão estratégias realizadas durante a pandemia com aqueles estudantes que não são diagnosticados, mas que apresentaram dificuldades na aprendizagem intensificadas pelo afastamento da escola presencial durante a pandemia. O primeiro grande desafio foi o fato de que iriam trabalhar com alunos que não conheciam, pois nunca haviam sido atendidos pelo setor. Para que isso fosse possível, toda comunidade envolvida com o estudante contribuiu (professores, gestão das escolas, familiares e os próprios estudantes). 

A orientação para as famílias e professores de sala regular foi feita inicialmente “às cegas”, mas à medida que foram se aproximando e os conhecendo foram realizando os ajustes necessários à realidade de cada um. No caso de algumas famílias com dificuldade de acesso à tecnologia, realizaram uma busca ativa para entrega das atividades preparadas e, ao perceberem que as atividades impressas não estavam sendo atrativas para alguns alunos, prepararam jogos e garantiram que as orientações necessárias fossem dadas para que o estudante conseguisse jogar em casa. No trabalho pela internet, além dos atendimentos online feitos individualmente com algumas crianças, gravaram vídeos de orientação aos pais que não sabiam ler, o que garantiu uma possibilidade maior de interação da criança com os jogos propostos também. 

A mesma proposta realizada pela equipe do apoio pedagógico foi explorada pela educadora Joanita, especializada no atendimento a crianças com deficiência visual, tendo alguns desafios somados no que diz respeito às possibilidades do ensino remoto. Ela nos contou que, inicialmente, achou que não iria conseguir, pois não tinha ideia de como confeccionar materiais equivalentes aos que usam na sala especializada para que a criança explorasse em casa, sendo que as famílias também não sabiam como usá-los.   Motivada pela necessidade de oferecer aos alunos a continuidade dos atendimentos e vendo as famílias perdidas diante da necessidade de trabalhar e de seguir oferecendo o melhor para seus filhos, se reorganizou e transmitiu às famílias a confiança de que sabia o que fazer. E fez. Joanita compartilhou algumas imagens dos diversos materiais confeccionados por ela com materiais não estruturados e nos contou de como reinventou a forma de ensinar Braille, por exemplo, por meio de recursos que as crianças possuíam em casa, como o uso do próprio corpo. 

A equipe do CEMAD encerrou sua apresentação, por meio de uma fala da Joanita, nos deixando uma mensagem inspiradora. A de que o importante é apostar em que é possível ensinar este estudante, seja ele quem for, e que nem todas tentativas dão certo, pois é um processo, tem dias ruins, dias em que a criança não está bem ou mesmo o professor, mas que dar errado não significa não saber e mesmo diante dos desafios mais “cabeludos” o professor tem recursos para seguir tentando. 

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